Wednesday, 2 January 2013

Um texto diaspórico (por Tiago Pignatelli Pombo)

 
Estava eu com os meus zémos,
na gare, como era costume
a seguir às aulas.
Estávamos a falar da situação
dos tugas no Luxemburgo:
                                       -Os nossos parents trabalham tanto,
e somos traités comme des chiens.
C’est claire, concordámos todos.
-Mas tem que ser. Lá na Tuga
também não se está bem. Heuresement
il y a o Benfica… e a seleção.
-Et les vacances. Disse o Ricardo.
Este ano vou lá a Trás-os-Montes
contigo. Tás à vontade,
fréro. Aquilo é a loucura
no verão.
-Hey, comment que c’est, pitška!
-Bien bien, je bouge à la casa.
-Quem era?
-É o Nédim, um Yugu,
joga comigo à bola.
-Ui, não curto muito esses gajos,
estão sempre a armar confusão.
-Deixa estar, este é bacano,
mas é um bocado doido.
Já estava a ficar escuro,
e eu a ficar com frio.
 - Bon, je vais bouger.
 Tu ficas?
-Não, também vou. Só vou
fumar este bédo primeiro. Não
queres também? Aguenta-te dez minutos.
-Okay, dez minutos é que dalle. Mas faut faire
gaffe à la bofia.

Saturday, 29 December 2012

Poema Complementar

 Aqui está um poema complentar, que em principio seria um esclarecimento do exercício criativo proposto em teste mas a inspiração para fazer um esclarecimento não se dignava aparecer. Deixo aqui os dois poemas (o poema que escrevi no teste poderá estar um pouco diferente deste aqui pois tinha só o rascunho e, conhecendo-me como conheço, de certeza que acrescentei ou eliminei algo).


Venho do Sol e da Lua 
Mas sou tua. 

Não me ouves
Não me vês 
Não me conheces 
Não me esqueces. 

Quero ser o Sol 
Quero ser a Lua 
Mas não posso esquecer que sou tua. 

Quero ser todos 
Mas sou só uma. 

Sou tua 
Sou do Sol 
Sou da Lua 
Sou única. 

                   18/12/2012
 Tengo la sangre 
Do Ocidente 
E do Oriente.

 Estou em diáspora. 
Sou visível para uns
 I’m a ghost for others.

 Sometimes I have
 To choose one. 
But I can have them all.

Tengo un 
Tengo dos 
I am the third and the final.

28/12/2012

Silence


"Perhaps I write because I see no better way to be silent", Ilse Aichinger



Durante a minha preparação para um teste, deparei-me com um texto interessante sobre o silêncio. Sei que as aulas já terminaram mas como silêncio era um tema presente em praticamente todas as short-storys e outros textos que estudamos, decidi partilhar convosco umas passagens:

Silence is not a semantic void, like any language, it is infused with narrative strategies that carry ideologies and reveal unstated assumptions. Silence is constituted by the absence. [...] langauge becomes the cover and the cover up for silence that nevertheless operates and becomes audible only through words. [...] there are two kinds of silence: "The first comes from too much knowledge, while the second is a refusal to become awere. This second silence is the escape into wich menory and guilt are repressed". (pág. 7)

Literature uses words to strategize silences, to contour avoidances, to reveal unstated assumptions, to disclose what it wants to hide or deny. (pág. 10)

(Fonte: Ernestine Schlant, The Language of Silence. West German Literature and The Holocaust, Routledge. New York 1999)

Ao ler estas passagens, o meu pensamento vagueou até à mãe de Oscar Wao, Belicia, e à short-story de Carlos Bullosan, Silence. Também, por outras linhas de reflexão, as short-story de V. Nabokov e de Toni Morrison me vieram ao pensemento.

Tuesday, 4 December 2012

Trabalho criativo sobre Judith Ortiz Cofer


Frank X Gaspar, por Ana Maria Fonseca



Frank X Gaspar, poeta e romancista americano de ascendência portuguesa, mais especificamente açoriana, nasceu em Provincetown, Massachussets em 1946, onde cresceu, no seio da comunidade portuguesa de Provincetown. Escreveu vários livros de poesia, entre eles The Holyoke e Late Rapturous. Podemos ver presentes em grande parte dos seus poemas marcas da sua ancestralidade açoriana e da sua infância passada na comunidade portuguesa de Provincetown, por exemplo em “Ernestina The Shoemaker’s Wife” e em “The Holyoke.” Gaspar foca-se mais na sua infância e em memórias da sua vida familiar em Provincetown do que propriamente na sua ascendência açoriana. Ele aparenta ter um fraco domínio da língua portuguesa em “Ernestina The Shoemaker’s Wife” e não utiliza tantas palavras em português como outros autores que já lemos utilizam as línguas dos seus antepassados. Porém, essas marcas nem sempre são claras. A sua ascendência portuguesa e a cidade de Provincetown nunca são referidas directamente nos seus poemas. No entanto, a sua infância e a sua ascendência são apenas uma parte da viagem do autor até à sua maturidade, viagem presente nos seus poemas, muito autobiográficos.

Monday, 26 November 2012

E agora... para alimentar a veia criativa

Na caixa de comentários, ou em novos posts, é favor elaborarem a vossa reação criativa a:

"Was there time for a rape or two? I suspect there was, but we shall never know because it's not something she talked about. All that can be said is that it was the end of language, the end of hope. It was the sort of thing that breaks people, breaks them utterly." (Junot Diaz, The Brief Wondrous Life of Oscar Wao. NY: Riverhead, 2007, 147)